Hoje eu pintei o cabelo – Exagerada
E talvez isso tenha mudado tudo.
Hoje eu saí de casa loira e voltei com o cabelo preto. Antes disso, me inscrevi na musculação, na natação, no curso de editoração da Editora Unesp, comprei canetas Stabilo, almocei com a minha mãe, voltei pra terapia e cuidei do cachorro da vizinha que não está nada bem e não tem companhia enquanto ela trabalha. Estou exausta e lutando contra o sono pois entrei em estado de mania.
Preciso aprender a escrever de manhã e de tarde. Porque, na minha percepção, escrever apenas quando temos inspiração não é saber escrever. Escrita é técnica e estudo. E eu escrevo de madrugada somente.
Estou sentada no chão atrás da porta. Desde pequena amo sentar no chão. Ensinei um namorado que tive à sentar no chão também. E andar descalço. Hoje em dia ele não deve nem chegar perto do chão.
Engraçado pensar em como podemos transformar aqueles que nos amam e apresentar coisas que parecem boas – e na intensidade do esquecimento após o fim. As pessoas se transformam (tive um contato rápido com esse ex um ano e meio atrás e hoje ele é um ser humano simplesmente irreconhecível. 6 anos passaram como um trator pelas nossas personalidades).
Deve ser bom se sentir amado e correspondido. Eu não faço ideia de qual seja a sensação mais. Mas, esse texto não é sobre isso.
Depois de todas essas inscrições e aceitações de mudança, fiquei tão agitada que só percebi que minha última refeição do dia foi meu almoço, às 14h, agora, 2h da manhã. Meu estômago começou a gritar e isso também dificulta meu sono.
Hoje eu aceitei lutar por uma nova carreira que eu não sei ainda qual é e nem tenho ideia de como conseguir um emprego. Provavelmente meu salário será 4 ou 5 vezes menor do que o que eu tinha na Faria Lima. Mas, eu acho que compensa, porque como minha avó disse no sonho, tenho que escrever.
Sei o que não quero mais e acho que isso é meio caminho andado. Não quero a Faria Lima, relações amorosas superficiais e voltar pra minha compulsão por compras. Pra mim agora é “tudo ou nunca mais”.
Meus exageros me levam pra um lugar além. Eu já estou inscrita em dois cursos para bombar meu Instagram (eu tenho um perfil voltado pra literatura, o @nanaleitora), um de excel do básico ao avançado, um de marketing digital, um de canva e agora esse de editoração. Além da natação e musculação.
Eu amo puxar ferro e até isso larguei por causa do último emprego que odiava. E, definitivamente, decidi que vou aprender a nadar. Tenho certeza que vencer esse desafio irá me incentivar a vencer todos os outros.
Não só no amor, mas, na minha vida profissional também, quero uma paixão cruel e desenfreada que me traga mil rosas roubadas. Eu não lembro quando foi a última vez que eu me apaixonei por algo que dependia absolutamente de mim. Lamotrigina e Aripiprazol tiraram 90% da raiva que eu sentia nos meus dias, como também me deixaram inerte pras alegrias.
Eu não vou mais terceirizar minha felicidade. Não vou me ater aos detalhes e me assustar quando tudo parecer estranho. Nada vai desmoronar.
Eu estou aqui: viva, atenta, corajosa e agora de cabelo preto. E eu vou até onde dá pé.