O inferno deve se parecer com um show do Coldplay
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Eu acho, na verdade, tenho certeza, que fui a única pessoa em São Paulo que não suportou o show do Coldplay. A real é que eu odiei e quanto mais eu vou em shows de bandas pop, mais sei que pop pra mim é só a tríade: beyoncè, rihanna e lady gaga. Se eu ficasse mais 5min vendo o Chris Martin cantar com aquele fantoche sobre fazer a reciclagem e salvar o meio ambiente eu teria um piripaque.
Não tenho nada contra gente do bem fazendo o bem, mas isso me parece limpinho demais, sabe? Não sei explicar, a sensação é que eu não pertencia àquele lugar. E eu conheço muita gente que foi que não é capaz de fazer o bem nem pra própria mãe e tá lá mandando 1 minuto de energias positivas pra Rússia e Ucrânia — eu votei no Lula, sabe, tô fazendo muito pela Rússia, Ucrânia, Meio Ambiente, direitos humanos, essas coisas todas.
Sei lá, quantos daqueles ali chorando querem saber que hoje faz 5 anos que mataram a Marielle e o Anderson? Enfim, quem mandou matar a Marielle?
Fiquei tão transtornada durante o show que antes mesmo de acabar já chamei o motorista pra saber se ele estava perto (risos). E, sei que vão me perguntar, fui ao show porque era o sonho da vida da minha tia e ninguém quis ir com ela. Ver a cara dela emocionada lembrando minha avó sucubum quando estava muito feliz me encheu de amor, então, valeu.
Enfim, tomei uma chuva desgraçada e cá estou eu com amigdalite. Eu tenho de 4 à 5 crises por ano, consegui me acostumar. Já até escrevi sobre isso.
Contudo, toda vez que eu fico fisicamente doente, minha cabeça descompensa em níveis absurdos. Está sendo muito difícil acreditar nessa possível mudança de carreira. Só sei que eu quero escrever, mas não sei qual emprego uma pessoa que escreve pode ter. Me inscrevi em cursos de editoração, escrita de ficcção, storytelling e até mesmo marketing digital. Alguma coisa precisa sair daí, espero que seja um emprego — PRECISO QUE SEJA UM EMPREGO.
Esse rebranding tá me deixando à beira de um colapso. Talvez eu esteja 100% maluca de detestar um show do Coldplay. A verdade é que eu passei as 2h30 pensando que as luzes das pulseiras são bonitas, mas que The Killers não precisa de pulseiras brilhantes pra fazer o show mais incrível de todos.
E agora eu beijo meninos de 22 anos. Eu não sabia se ele queria me beijar, então eu lembrei que quem tem quase 30 anos sou eu e beijei. Se ele não quisesse me parava. E ele quis. E agora eu quero beijar de novo. E eu queria escrever uma crônica inteira sobre quinta-feira, mas toda vez que eu escrevo sobre homem uma maldição paira no ar e eu tomo ghosting… Então, sem contar detalhes sobre o boy de 22 — eu sei que vocês querem muito saber e eu sou uma fofoqueira que quer muito contar, então saibam só que ele tem cheiro de casa.
Termino esse texto triste pensando em todos os fãs de Coldplay que vão me odiar por esse texto. Eu tenho medo de abandono. Pavor. Eu odeio ser odiada. Espero que entendam meu ponto e que tenham devolvido a pulseira no final e não tenham pego infecção pela chuva de sábado — eu saí tão atordoada depois de horas com o pé molhado que só não consegui pensar em nada além de sumir dali.
A vida é difícil. Mas, beijar a boca de meninos de 22 anos é bom. Recomendo.